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Dia dos Namorados…

Aproveito o dia dos namorados para trazer um assunto que me surpreende. Nunca se falou tanto […]

14/06/2024

Aproveito o dia dos namorados para trazer um assunto que me surpreende.

Nunca se falou tanto e com tanta liberdade sobre sexo. E nunca se fez tão pouco sexo, principalmente os mais jovens.

Leio bastante, vejo algumas sugestões,  mas não há razões convincentes.

Desde o impacto da pandemia que deixou a nós todos isolados, até a substituição  gradual do encontro físico pelo virtual, acompanho essa tendência.

Maior liberdade, acesso simplificado a informações, aplicativos vários para facilitar encontros, rolês, namoros…

E por que as pessoas se conectam menos?

Estaremos perdendo as habilidades sociais necessárias para um relacionamento?

O consumo de pornografia segue em alta e  aparentemente  qualquer  pessoa está  a um like. Simples. Prático.

E onde foi parar o desejo, o erotismo?

Será que essa mesma facilidade de acesso tira o mistério necessário  à  paixão, ao romance? Os rituais da conquista vão ficando obsoletos; a impermanência a tudo varre.O imediatismo também me parece um fator importante , não para o sexo casual,  mas para o próximo encontro.” Melhor não se envolver, dá um trabalho! E se ela ou ele  começar a me pressionar, cobrar, eu hem??”

Estaremos mais auto referentes? Menos dispostos às trocas que fazem parte de todo e qualquer encontro?

Atendo mulheres de várias faixas etárias e de várias orientações  de gênero. E as vejo cansadas, desanimadas.

Mais fácil ficar sozinha, é o que ouço . Hoje as mulheres investem  mais no autoconhecimento, o que é  ótimo, e muitas dizem não  sentir falta de parceria para o prazer. Mas gostariam de companhia, de intimidade.

Antes, quem queria ir a um sexshop ficava constrangido e muitas vezes frustrado com o arsenal sem graça da maioria deles. E ainda o risco de encontrar um conhecido! Melhor fazer isso em viagem, de preferência  para bem longe! Hoje, há diversas franquias com produtos mais interessantes e que atendem a todos os grupos ;  e entrar em um sexshop já não é nem aventura nem motivo de embaraço.

Muitas mulheres  que, até  pouco tempo, não se sentiam capazes ou “ dignas” de um orgasmo, hoje trocam dicas sobre sex toys e prazer. Lógico que isso é  bom! Demorou!

Mas…

E o contato físico? E o prazer de estar com alguém de que se goste?

Lembrando Rita Lee, sexo sem amor é  vontade.

 E onde anda a vontade?

E amor sem sexo, é  amizade.

E amizade se constrói , leva tempo, dedicação.  E aí voltamos à impermanência  e ao imediatismo.

Vejo jovens entediados, com pouca disposição para explorar a própria intimidade, a própria sexualidade.

Tímidos com relação a si mesmo e ao outro. Muitos se dizem assexuados, outros apenas não ligam, dirigem a energia para outros locais. Mas a energia sexual existe enquanto  vivermos , e isso é  inegável.

E depois de tantas idas e vindas, reencontro o motivo desses pensamentos,  o dia dos namorados.

E me lembro do meu namorado, meu companheiro e parceiro, o Marcello.  E me sinto feliz por termos corrido riscos; o  da paixão, o do amor e da entrega, o risco da passagem do tempo, o risco de deixarmos de ser um casal para sermos uma família.

E vejo nossa história  e morro de orgulho e de amor.

Valeu e vale cada minuto !