De posse das informações sobre anatomia que partilhei com vocês anteriormente, hoje vamos entender como o […]
15/08/2022
De posse das informações sobre anatomia que partilhei com vocês anteriormente, hoje vamos entender como o corpo se prepara para a atividade sexual.
O cérebro é o grande maestro. Os órgãos pélvicos são os músicos. Hormônios e neurotransmissores são responsáveis pela comunicação entre o cérebro e os órgãos genitais e pelos ajustes necessários à boa execução dessa bela sinfonia.
Existem diferenças entre o ciclo de resposta sexual masculino e feminino e vários estudiosos já propuseram seus modelos.
O primeiro que se conhece foi proposto por Masters e Johnson, um ginecologista e uma psicóloga na década de 60. É o chamado modelo linear da resposta sexual, que o tempo mostrou ser válido para a resposta masculina apenas.
Modelo linear de Masters e Johnsons
Na sequência tivemos Kaplan que acrescentou o desejo ao modelo anterior.
Modelo linear de Masters e Johnsons adaptado por Kaplan.
Mais tarde, já nos anos 2000, foi a vez de Basson apresentar o que, até hoje, parece ser o modelo mais completo e coerente com as nuances da resposta sexual feminina.
Ciclo de respostas de Basson
E por que é importante termos essas noções?
Primeiro para não compararmos nossa resposta à de nosso parceiro, muitas vezes do sexo masculino. A ideia de excitação/orgasmo/resolução vale para a maioria dos homens. Nós, mulheres, temos uma resposta sexual circular, não linear. O que significa que posso iniciar a atividade sexual sem desejo, sem excitação, num estado “neutro” e me envolver ativamente na relação, num crescendo de sensações. Posso me distrair e até perder a excitação, mas, dependendo de estímulos exteriores ou interiores, como memória, fantasias, voltar a me sentir excitada.
Também importa saber que não existe desejo de melhor ou pior qualidade. Muitas mulheres se sentem cobradas por não “procurarem” sua parceria, ou seja, por não apresentarem desejo espontâneo, apenas o desejo responsivo. Não se cobre! Principalmente nas relações de maior duração é assim que somos! O desejo se manifesta, na maioria das vezes, a partir do estímulo adequado.
Outra observação é sobre a necessidade da relação passar por todas as fases. Para o homem, praticamente não se dissocia o sexo com penetração do orgasmo, o que pode sugerir que para uma relação sexual ser satisfatória o orgasmo é obrigatório. Para muitas mulheres a gratificação sexual, o prazer, não inclui, necessariamente, o orgasmo, também chamado clímax. A proximidade, as carícias, a excitação podem ser tão ou até mais satisfatórias que o orgasmo propriamente. Então não se cobre por não ter orgasmo em toda relação sexual. Se você se sentir satisfeita, feliz, gratificada, não se preocupe. Permita-se experimentar o prazer de várias formas, sem focar no orgasmo. Essa informação pode fazer muita diferença na vivência da sua sexualidade.
A resposta sexual é modulada por várias substâncias produzidas pelo nosso corpo, por mecanismos neurológicos, neuroendocrinológicos além de fatores ambientais e relacionais. Ou seja, é uma resposta complexa, mas passível de entendimento e, mais que isso, passível de aprendizado, treino e evolução.
E quais são as substâncias que modulam a resposta sexual?
2. Neurotransmissores, produzidos no cérebro:
A adrenalina tem efeito facilitador com relação à congestão pélvica para as mulheres, e inibidor para os homens, o que pode atrapalhar a ereção.
Espero ter conseguido trazer conhecimentos e despertar a curiosidade de vocês. Se tiverem dúvidas ou contribuições deixem nos comentários!
Farei o possível para responder a todos.
Com essas noções, pretendo abordar as principais disfunções sexuais na próxima oportunidade.
Fiquem à vontade para compartilhar!
Sobre a autora
Luciene Miranda Barduco, médica formada pela USP, continua apaixonada por sua especialidade, a ginecologia e obstetrícia. Depois descobriu a mastologia e, recentemente, a sexologia. Médica, esposa, mãe da Mariana e gosta muito de tudo isso!