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Câncer de mama e gestação

O diagnóstico  de câncer de mama na gestação tem aumentado nas últimas  décadas principalmente  pelo adiamento  […]

15/04/2024

O diagnóstico  de câncer de mama na gestação tem aumentado nas últimas  décadas principalmente  pelo adiamento  da gestação, o que faz com que a mesma ocorra em fases em que a incidência  do câncer de mama é  mais elevada.

É  raro, em média 1 caso a cada 3000 gestações mas é o câncer mais comum na gestação e é o que se associa a maior mortalidade.

A própria condição da mama grávida dificulta o diagnóstico  de lesões, principalmente as não palpáveis. Dificulta, não impossibilita.

A mamografia pode ser realizada,já que a carga de radiação é baixa, mas a acurácia da mesma é  menor. O USG de mamas é o melhor exame complementar  tanto na gestação  quanto no puerpério.

Não se faz ressonância  devido ao contraste ( gadolínio) não ser seguro na gravidez.

É  importante que a mulher observe  suas mamas na gravidez e no pós parto. Se houver alguma alteração,  o médico deve ser avisado. Aliás, as mamas também devem ser examinadas  pelo médico nessas fases.

O tratamento  tem suas particularidades mas é  possível e é necessário.

Não se indica interrupção da gravidez, a menos que haja risco de vida para a mãe.

A cirurgia pode ser realizada em qualquer fase da gestação. Existe uma tendência a não se conservar a mama, já que a radioterapia está contraindicada na gravidez e é  necessária nas cirurgias conservadoras.

Evita-se quimioterapia no primeiro  trimestre, mas depois existem drogas seguras para o feto. Não se faz hormonioterapia nem imunoterapia por não serem seguros.

Lógico que a gestação que cursa com o câncer de mama em tratamento  demanda um pré natal mais cuidadoso. O ideal é  uma equipe em sintonia, inclusive levando em conta o sofrimento psíquico dessa paciente o que, muitas vezes, demanda um atendimento  especializado.

Enfim, essa é  uma situação  pouco comum na prática do dia a dia, mas não deve ser menosprezada.

O obstetra deve valorizar as queixas da sua paciente e não deixar de investigar as alterações  referidas ou diagnosticadas ao exame físico.

E é  importante  frisar que o sucesso do tratamento  depende do diagnóstico  precoce e do melhor tratamento disponível, levando em conta as particularides do ciclo gravídico puerperal.

Sobre a autora

Luciene Miranda Barduco, médica formada pela USP, continua apaixonada por sua especialidade, a ginecologia e obstetrícia. Depois descobriu a mastologia e, recentemente, a sexologia. Médica, esposa, mãe da Mariana e gosta muito de tudo isso!

lulubarduco@gmail.com